Os municípios da Arrábida começam a construir um futuro mais seguro e resiliente aos impactes das alterações climáticas

Os municípios da Arrábida começam a construir um futuro mais seguro e resiliente aos impactes das alterações climáticas

A ENA organizou um Seminário para refletir sobre as afetações climáticas no território Arrábida e apresentar o projeto base de trabalho para a elaboração dos planos locais de adaptação (PLAAC – Arrábida) para os concelhos de Setúbal, Sesimbra e Palmela

Sob o nome "A Arrábida face ao desafio climático", a ENA - Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, organizou dia 14 de abril, um seminário online onde várias personalidades académicas, institucionais e empresariais partilharam a sua visão e experiência sobre os efeitos das alterações climáticas no território, a sua análise e soluções. Este evento serviu de enquadramento para a ENA apresentar o seu projeto PLAAC – Arrábida, que visa a elaboração de planos locais de adaptação climática para os municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela, no âmbito do Programa Ambiente do Mecanismo de Financiamento EEA Grants.

O Presidente do Conselho de Administração da ENA, Sérgio Marcelino, a quem coube coordenar este seminário, salientou a importância de criar, quando ainda é possível, soluções de adaptação às alterações climáticas e garantir a sua implementação no território, sublinhando que o tempo de agir é agora.

A abertura do evento contou também com a presença de Susana Escária, Diretora dos Serviços de Prospetiva e Planeamento da Secretaria-Geral do Ambiente, entidade que opera o Programa "Ambiente, Alterações Climáticas e Economia de Baixo Carbono", dos EEA Grants, que apoia atualmente 56 projetos em Portugal (incluindo o PLAAC – Arrábida), 19 dos quais visam dotar as autoridades locais de ferramentas e instrumentos essenciais para o combate e adaptação às alterações climáticas. Susana Escária sublinhou a importância deste programa, financiado em 85% pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEE) e 15% pela Secretaria-Geral do Ambiente.

Iniciando as apresentações deste Seminário, Filipe Duarte Santos, Professor Catedrático da Universidade de Lisboa, analisou segundo uma perspetiva científica, as alterações e impactes climáticos globais e com enfoque em Portugal, destacando o aumento da temperatura média anual, as variações no padrão das precipitações, a transformação de climas, as ameaças da erosão e a subida do nível médio do mar nas povoações costeiras, debruçando-se igualmente nos caminhos de adaptação seguidos a nível nacional. Para Filipe Duarte Santos, a atual pandemia COVID-19 veio mostrar que o ambiente tem uma importância crítica na construção de um futuro mais sustentável e de bem-estar para a humanidade.

Esta visão foi complementada pela apresentação de Julia Seixas, Professora Catedrática da Universidade NOVA de Lisboa, que abordou questões da mitigação climática a nível global e nacional, chamando a atenção para os grandes desafios que nos coloca, como a intensificação no uso de recursos (matérias-primas, solo, água, etc.), o preço do carbono, os subsídios da energia fóssil, a perda da biodiversidade e o impacto potencial nas desigualdades sociais e na sustentabilidade dos sistemas nacionais. Julia Seixas sublinhou a importância da valorização do papel da regeneração de ecossistemas e de um quadro legal para avaliação ex-ante de políticas, planos e instrumentos. Por fim, apontou caminhos de mitigação climática nacional através de políticas locais e segundo uma abordagem bottom-up.

O Seminário contou também com uma abordagem à adaptação climática na perspetiva metropolitana, tendo João Telha, Coordenador de Projetos no Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano (CEDRU), apresentado o trabalho desenvolvido no PMAAC-AML (Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas da Área Metropolitana de Lisboa) e os potenciais contributos para os planos municipais como o PLAAC – Arrábida, que segue as suas orientações metodológicas.