No âmbito do projeto “Rede de Pares: Violência de género e empoderamento”, promovido pelo APPsyCI-ISPA-Instituto Universitário, com o financiamento da EEAgrants/CIG, sob a coordenação científica do Professor Doutor José Ornelas e da prof. Doutora Maria João Vargas-Moniz, decorreu a conferência “Violência de género, ativismo e liderança”, nos dias 9 e 10 de setembro, nas instalações do Ispa-Instituto Universitário.
A conferência realizou-se em formato presencial e online, contando com elementos do financiador EEAGrants e do operador Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, bem como as parceiras do projeto, designadamente: Associação Caboverdiana de Setúbal, Casa do Brasil de Lisboa, TAIPA - Organização Cooperativa para o Desenvolvimento Integrado do Concelho de Odemira e Women-Islândia, com algumas mulheres sobreviventes e convidados de organizações públicas, investigadores, profissionais e estudantes. E, ainda, com a participação da artista plástica Madalena Campos (MadFildz) que tem acompanhado algumas dinâmicas do projeto e nos possibilitou a exposição de trabalhos, intitulada “(De) Saia em Punho-MadFildz 2020-2022”, realizados pelas mulheres sobreviventes e consultoras do projeto “Rede de Pares”, que se encontra ainda visitável na galeria Dr. Mário Casimiro do Ispa.
No decorrer dos trabalhos foi possível partilhar conhecimento e experiências e que o “Rede de pares” é um projeto que pretende gerar novas oportunidades, concretizadas na participação e no envolvimento em redes como fonte de empoderamento. Estiveram presentes diferentes atores e agentes (estudantes, profissionais, investigadores/as, sobreviventes) e a disseminação de informação organizada ao longo de dois anos de vida do projeto “Rede de Pares” foi percebida e alargada como “partilhar experiências é dar conhecimento e conhecimento é dar poder”.
Encontramo-nos num momento em que é do domínio público que a violência contra as mulheres é conhecida e divulgada, mas ainda um tema pouco informado, denunciado e acima de tudo pouco intervencionado para a prevenção. Os atos tipificados como agressivos e violentos contra as mulheres são reconhecidos como uma violação grave dos direitos humanos, sendo obrigatório e prioritário promover debate e formas de ação e participação cívica para a intervenção na erradicação de atos ou de ciclos de violência com base no género. Mais do que somente dar a entender como prevenir a violência de género, importa criar dinâmicas sustentáveis de suporte social, amplificando, reconhecendo e disseminando as vozes das mulheres sobreviventes para fortalecer os processos de advocacy, como perspetiva transformadora de tornar sobreviventes em ativistas e ativistas em líderes. É este o propósito do projeto “Rede de Pares” e que foi legitimado no decorrer da conferência, ficando pistas e recomendações para informar a organização de serviços e a formulação de (novas) políticas e facilitar a participação cívica de mulheres através da criação de Redes de Pares – uma ferramenta que acreditamos ser inovadora para a intervenção e prevenção da Violência de Género.